Perdido em Marte (The Martian – EUA – 144 min) – Crítica

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Com bastante vivacidade, Perdido em Marte mostra que a ciência sempre será a chave para a sobrevivência

martian2015Esqueçam aqueles naufrágios em ilhas desertas, onde o pobre coitado precisa fazer uma fogueira e comer cocos para sobreviver. Aqui temos um astronauta, PhD em Botânica, que está em um planeta inóspito. E é utilizando seus conhecimentos científicos que vai arrumar meios para se manter até que haja alguém que o resgate.

Justamente esse fator do uso apurado de elementos científicos que traz um diferencial para o filme. Formas para se aquecer, criar oxigênio, alimentos e até formas de comunicação são tratadas com bastante verossimilhança e fidelidade ao que se usa atualmente (ou que se pretende usar). Esse meio inteligente de sobrevivência nos dá um certo conforto, o que até ameniza a urgência da situação.

Um outro ponto para não vermos com tanta perplexidade o isolamento do personagem é que ele trata tudo com bastante bom humor, brincando com o pessoal da NASA, rindo de sua própria desgraça. E esse senso otimista do protagonista acaba refletindo em sua perseverança para uma solução mais adequada para cada tipo de adversidade.

E o filme tem um time de coadjuvantes bastante talentoso e eficaz. Isso ajuda na dinâmica das cenas entre o isolado e o tumultuado. Jeff Daniels, Kristen Wiig, Chiwetel Ejiofor e Sean Bean como integrantes da diretoria da NASA, e ainda Jessica Chastain e Kate Mara como membros da tripulação, serviram como diferencial para tornar o filme ainda mais atraente para acompanhar seus desdobramentos.

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Algumas piadas metalinguísticas também são curiosas e trazem satisfação quando aparecem, como o fato de mencionarem o filme O Senhor dos Anéis (Sean Bean participou daquela produção), e fazerem referência a Alien: O 8º Passageiro (Ridley Scott também dirigiu). E é ainda mais curioso o uso das músicas tocadas (curiosamente diegéticas, pois um dos tripulantes levou discos para a nave) como referência a acontecimentos no filme, como Hot Stuff (em um momento em que o protagonista precisa se aquecer), Star Man (quando se prepara para decolar), entre outras.

Um pequeno problema encontrado foi o uso de um dublê para mostrar a magreza do personagem em determinado momento, sendo que o vemos de volta “gordinho” na cena imediatamente seguinte. Poderia ser daqueles filmes em que o ator se sacrifica, perdendo peso considerável, o que agrada bastante votantes para prêmios de atuação. Mas não, ficamos nessa parte forçada do dublê (que aparece pouco, sei, o que reforça ainda mais seu caráter desnecessário).

Porém, devemos reconhecer que as cenas que acontecem em gravidade zero são bastante eficazes, trazendo um realismo bem evidente e mostrando que o filme é, de fato, uma produção de primeira linha.

É gratificante ver um gênero como a ficção científica realmente levar ao pé da letra suas características. Poucas vezes vemos a ciência ser tratada de forma séria em uma ficção.

Nota: 8

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